quarta-feira, 22 de junho de 2016
UMA GAROTA MUITO SOFISTICADA
Fui designado para
assumir meu cargo juntamente com mais 06 colegas entre funcionários
mais antigos e os novos contratados, (os recrutas como éramos chamados) nessa
equipe a média de idade dos integrantes, não passava dos 25 anos.
LOCAL DE TRABALHO
Fomos
instalados em uma antiga casa, que ficava localizada em um nível mais
alto da rua
principal da Cidade de São Sebastião do Passe no Estado da Bahia, bem perto da
Igreja Matriz, a casa tinha grandes salas e quartos, aonde foram improvisados o
Escritório e demais
setores concernentes aos trabalhos.
Tínhamos
uma visão privilegiada da rua, e em momentos de intervalo do trabalho reuníamos
na área da varanda, cercada por um muro bastante desgastado e ficávamos
conversando e fazendo brincadeiras uns com os outros, como é normal para
pessoas jovens.
O
APARECIMENTO DA GAROTA
Logo nos primeiros dias das nossas
atividades, estávamos nos preparando para encerrarmos mais um dia de trabalhos,
pelo fim da tarde, quando ouvimos um dos colegas gritar de uma maneira bem
debochada, gente vem ver que coisa linda está passando por aqui! Os que estavam disponíveis logo
se apresentaram, e eu estava nesse meio, e vimos passando pela calçada no
canteiro que dividia as pistas da rua, uma garota que se dirigia no sentido da
Igreja Matriz.
Seu
andar realmente chamava à atenção por seu balanço e maneiriçe, Alguns dos
colegas ficaram encantados e usavam todos os tipos de elogios, um mais ousado
chegou a dizer: mas o andar dela é muito gostoso!
Eu
pessoalmente pensei realmente o andar dela chama a atenção, porém no todo não
faz meu tipo, pois nunca me interessei por mulheres muito magras e desbundadas, mais parecendo àqueles modelos quase cadavéricos
que desfilam nas passarelas de modas.
A agitação com a passagem da garota em frente ao nosso local de trabalho
duas três vezes ao dia, continuou a deixar a turma frenética e animada, porém
ninguém se habilitou a conquistar a beldade.
A
CHEGADA DE NOVO INTEGRANTE À EQUIPE
Três
meses depois, foi preciso a vinda de mais um funcionário com experiência
para nossa equipe,
todos gostaram dele, pois se tratava de excelente pessoa, além de eficiente, imediatamente
assumiu o cargo de Encarregado do Escritório.
Mais logo no primeiro dia de trabalho do
colega, no encerramento das atividades, ouvimos novamente aquele chamado já
bastante conhecido: vem gente ela está passando! E todos correram ansiosos,
segundos depois veio também o novo colega, me preocupei mais com sua reação
para ver de que forma reagiria e notei seu semblante ficar em uma atitude muito
séria, sem prestar nenhuma atenção aos comentários dos colegas, observei naquele momento que algo muito forte tinha passado em sua cabeça.
Nos dias seguintes ele começou a fazer perguntas
a respeito da garota para os colegas que pouco sabia informá-lo.
depois de algumas semanas, soubemos que ele
tinha dispensado a moradia grátis nos acampamentos que era oferecida pela
Empresa e tinha alugado uma casa para se estabelecer, mas o que me deixou
curioso foi que a casa ficava localizada por trás da Igreja Matriz, bem próxima
à residência da garota de andar provocante.
COMEÇO DA PAIXÃO
Logo surgiram os comentários dos mais enxeridos,
dizendo que o colega (vou dar o nome fictício de
João M) estava completamente apaixonado pela garota de andar provocante,
chegando mesmo a brincarem que ele arriou os quatros pneus, como se falava na
época.
E veio a confirmação dos mexericos, quando se soube que realmente o João
M tinha
conseguido fazer uma amizade com a garota, que depois se transformou em
um namorico, talvez por ser o mais velho da turma já com os seus 30 anos, usou
da experiência e conseguiu fisgar a beldade.
ENFRENTANDO A FERA (o pai da amada)
O que aconteceu a seguir nos causou mais
espanto, quando soubemos que enfrentou o pai da garota para pedir permissão
para o namoro na porta, que era o procedimento usado naquela época, mesmo
sabendo da resistência do velho no que dizia respeito à aproximação de rapazes
pretendendo cortejar sua filha, sem levar em conta a importância que
tinha na cidade, que como se diz no interior que a hierarquia das autoridades
no local é na seguinte ordem: o Prefeito, Padre, Delegado e
em quarto lugar vem o Coletor, que era o Cargo ocupado pelo
pai da menina, mas mesmo com todos os obstáculos, João M conseguiu seu
objetivo.
Porém durou bem pouco tempo o tão desejado
namoro para o João M, não que houvesse qualquer deslize de sua parte, conforme os
fofoqueiros foram criados diversos motivos para o desenlace, uns diziam que a
menina caiu fora em virtude da diferença de idade, pois existiam mais de dez
anos, outros já falavam que foi por conta da feiura do rapaz, o que também
era exagero, embora não fosse bonito em compensação vestia-se bem com boas
roupas, sapatos lustrosos, apesar de ser um pouco cafona na verdade possuía uma
boa aparência.
A teoria mais aceita e logo depois comprovada
foi a do aparecimento de um bonitão na horta da
garota.
A
turma em respeito ao colega, deixou de ser tão exaltada quando da passagem da
beldade durante os poucos meses em que durou o tal namoro, alguns olhavam, mais
com certa reserva.
Depois
de todos estes acontecimentos, só restou muita tristeza e sofrimento para o pobre
homem que ficou muito cabisbaixo e magoado, cheguei a ter dó do colega a ponto
de pensar que o episódio merecia até um poema ou mesmo uma música, com esta ideia
comecei a tentar escrever alguns versos baseados nos acontecimentos e conseguir
o seguinte resultado:
OS VERSOS
Garota quando você passa todos correm para ver
Pois
você com sua graça pisa macio pra valer
Menina
sofisticada afoita e sem juízo
Este
mundo de meu Deus não é só de paraíso
Estes versos
nunca chegaram ao conhecimento do João M, pois poderia interpretar como uma
gozação com sua cara.
Anos
depois, já trabalhando em outro local da Empresa, fiquei sabendo por alguém notícias
do colega desiludido, que continuava trabalhando na mesma cidade e que depois
de se desiludir totalmente de reconquistar a mulher pela qual se apaixonara,
tomou a decisão de levar para viver maritalmente, uma das
mulheres de um brega (prostíbulo) aonde frequentou por muitos anos.
Não posso confirmar
a informação, pois não acompanhei o acontecimento de perto, esta foi à última vez
que tive notícias do pobre desiludido colega.
O
COMEÇO DE TUDO
Depois
do pequeno e simples poema que conseguir bolar em cima do triste drama do
colega João M, achei que poderia continuar escrevendo algumas coisinhas, porém por passa tempo, sem nenhuma pretensão de ser
Poeta ou Escritor, simplesmente um "ESCREVINHADOR" (qualquer dúvida
com escrevinhador, ver dicionário).
Este conto não é ficção, é verdadeiro, apenas com um pouco de dramatização
FIM
Coleção - CONTOS RÁPIDOS - nº 001 – 1962
Jan/mota.
Dedicado
à turma que implantou a Subsistência (cantina) da Petrobrás na Cidade de São
Sebastião do Passe – 1961/1967 – Odmar Mesquita, Castelo Branco, Jurandir Gradim, Jurandir Mota, João Garcez, João Mesquita, Décio,
Sérgio e Paulo Ludwig.
.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário