terça-feira, 16 de maio de 2017

BOCA DE CHULAPA

                        BOCA DE CHULAPA
        Uma Senhora diferente do tipo da maioria das pessoas, poderia ser classificada como uma pessoa bastante exótica, altura considerada elevada para uma mulher Brasileira, bastante magra, braços alongados, rosto oval, orelhas grandes, nariz adunco, boca bastante acentuada maior que o normal, na verdade se tratava de uma pessoa bem diferente da maioria, sua voz ainda era forte e esganiçada talvez daí tenha gerado o apelido.

        Morava em um local bem pobre em um bairro de Salvador na Bahia, em completo estado de pobreza, vivia só, residindo em um pequeno barraco totalmente desprovido da mínima higiene, localizado ao lado de um campo de terra batida, aonde a garotada do local fazia suas peladas durante todo o dia, à cima do campo passava um viaduto de mais ou menos uns duzentos metros de comprimento justamente aonde a molecada se escondia por trás dos pilares esperando durante o dia em horários sempre iguais a passagem da mulher que três quatro vezes por dia dirigia-se a uma fonte natural próxima ao seu barraco carregando dois pequenos baldes aonde pegava água para suas necessidades, justo na hora em que atravessava o campo que dava acesso a sua casa, ouvia aquele já conhecido grito dos moleques: BOCA DE CHULAPA!!!, BOCA DE CHULAPA!!! a pobre mulher arriava os baldes que levava em cada mão, virava-se em direção de onde vieram os gritos e começava com todo tipo de impropérios contra toda a família dos abusados, principalmente as genitoras dos moleques que eram ofendidas de todas as maneiras com terríveis palavras, não ficava palavrões que não fosse usado a toda altura, quanto mais ela se irritava mais era divertido para os garotos que riam copiosamente, no termino de toda sua raiva a mulher de posse dos baldes já com menos água do que antes, pois com os seus movimento sempre os derramava, voltava a seguir seu caminho com seu andar bem cansado quase  arrastado, mal andava 30 metros e ouvia-se novamente os mesmos gritos: BOCA DE CHULAPA!!!, BOCA DE CHULAPA!!! E recomeçava a mesma situação, repetia-se pelo menos três vezes por toda a trajetória para seu barraco, chegando ao seu destino já com os baldes ás vezes pela metade.

        No inverno de 1976, em dia de bastante chuva, a molecada de cima do viaduto esperaram como de costume antes da pelada a passagem da mulher, mas não aconteceu no horário habitual, pensando que talvez fosse em virtude da chuva, voltaram ao campo para a primeira pelada do dia, após a brincadeira foram  para cima do viaduto esperar a mulher passar, pois já estava no horário, porem não aconteceu, em virtude da chuva que caia a maior parte da molecada resolveu ir para casa, menos três deles que  eram garotos entre 14 e 16 anos e eram os mais ferrenhos gozadores das pobre Senhora, e resolveram investigar porque a mulher deixou de passar naquele dia nos determinados horários, dirigiram-se ao seu barraco e o encontraram fechado, mas, curiosos conseguiram por uma das frestas da madeira espionar e viram então a pobre Senhora estendida em uma  cama improvisada com velhos blocos que era aonde dormia, ficaram curiosos dado o avanço das hora e resolveram chamar alguns moradores da redondeza pensando que a mulher precisasse de ajuda no que resolveram chamar a policia e ai foi constatado pelos policiais que entraram no barraco a morte da mulher.

        Após o procedimento dos Legistas e a comprovação de morte natural, na procura por parentes para a procedimento do enterro não conseguiu se encontrar, ficando dessa maneira como solução, o seu sepultamento como indigente, os três garotos ficaram muito tristes e procuraram ajudar no que foi possível, como seria seu nome e idade, mais nada foi conseguido, mesmo assim juntaram-se e  fizeram uma vaquinha com a molecada em um valor para a confecção de uma pequena lápide, referente a idade a ser colocada tiveram que  presumiram mediante o aspecto da mulher, quanto ao nome, ficaram por resolver de acordo com as opiniões que fossem apresentadas pelos garotos que contribuíram para a lápide.

        Toda a molecada compareceu  ao um pobre  cemitério localizado na periferia do bairro em uma Avenida Suburbana para o sepultamento da Senhora e logo depois de colocarem uma pequena cruz no túmulo de terra batida, adicionaram a pequena lápide, escrito:
             “AQUI JAZ BOCA DE CHULAPA. SAUDADE ETERNA“
                           DOS SEUS AMIGOS DO BAIRRO
                                        1896 / 1976
Este conto é em parte real, pois o personagem central realmente existiu, mais em sua maior parte é uma criação do autor.
Coleção – Contos Rápidos – maio/2017
Janmoto

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