BOCA DE CHULAPA
Uma Senhora diferente do tipo da
maioria das pessoas, poderia ser classificada como uma pessoa bastante exótica,
altura considerada elevada para uma mulher Brasileira, bastante magra, braços
alongados, rosto oval, orelhas grandes, nariz adunco, boca bastante acentuada
maior que o normal, na verdade se tratava de uma pessoa bem diferente da
maioria, sua voz ainda era forte e esganiçada talvez daí tenha gerado o
apelido.
Morava em um local bem pobre em um
bairro de Salvador na Bahia, em completo estado de pobreza, vivia só, residindo
em um pequeno barraco totalmente desprovido da mínima higiene, localizado ao
lado de um campo de terra batida, aonde a garotada do local fazia suas peladas
durante todo o dia, à cima do campo passava um viaduto de mais ou menos uns
duzentos metros de comprimento justamente aonde a molecada se escondia por trás
dos pilares esperando durante o dia em horários sempre iguais a passagem da
mulher que três quatro vezes por dia dirigia-se a uma fonte natural próxima ao
seu barraco carregando dois pequenos baldes aonde pegava água para suas
necessidades, justo na hora em que atravessava o campo que dava acesso a sua
casa, ouvia aquele já conhecido grito dos moleques: BOCA DE CHULAPA!!!, BOCA DE
CHULAPA!!! a pobre mulher arriava os baldes que levava em cada mão, virava-se
em direção de onde vieram os gritos e começava com todo tipo de impropérios
contra toda a família dos abusados, principalmente as genitoras dos moleques
que eram ofendidas de todas as maneiras com terríveis palavras, não ficava
palavrões que não fosse usado a toda altura, quanto mais ela se irritava mais
era divertido para os garotos que riam copiosamente, no termino de toda sua
raiva a mulher de posse dos baldes já com menos água do que antes, pois com os
seus movimento sempre os derramava, voltava a seguir seu caminho com seu andar
bem cansado quase arrastado, mal andava 30 metros e ouvia-se novamente os
mesmos gritos: BOCA DE CHULAPA!!!, BOCA DE CHULAPA!!! E recomeçava a mesma situação,
repetia-se pelo menos três
vezes por toda a trajetória para seu barraco, chegando ao seu destino já com os
baldes ás vezes pela metade.
No inverno de 1976, em dia de
bastante chuva, a molecada de cima do viaduto esperaram como de costume antes
da pelada a passagem da mulher, mas não aconteceu no horário habitual, pensando
que talvez fosse em virtude da chuva, voltaram ao campo para a primeira pelada
do dia, após a brincadeira foram para cima do viaduto esperar a mulher
passar, pois já estava no horário, porem não aconteceu, em virtude da chuva que
caia a maior parte da molecada resolveu ir para casa, menos três deles que
eram garotos entre 14 e 16 anos e eram os mais ferrenhos gozadores das
pobre Senhora, e resolveram investigar porque a mulher deixou de passar naquele
dia nos determinados horários, dirigiram-se ao seu barraco e o encontraram
fechado, mas, curiosos conseguiram por uma das frestas da madeira espionar e
viram então a pobre Senhora estendida em uma
cama improvisada com velhos blocos que era aonde dormia, ficaram
curiosos dado o avanço das hora e resolveram chamar alguns moradores da
redondeza pensando que a mulher precisasse de ajuda no que resolveram chamar a
policia e ai foi constatado pelos policiais que entraram no barraco a morte da
mulher.
Após o procedimento dos Legistas e a
comprovação de morte natural, na procura por parentes para a procedimento do
enterro não conseguiu se encontrar, ficando dessa maneira como solução, o seu
sepultamento como indigente, os três garotos ficaram muito tristes e procuraram
ajudar no que foi possível, como seria seu nome e idade, mais nada foi
conseguido, mesmo assim juntaram-se e fizeram uma vaquinha com a molecada
em um valor para a confecção de uma pequena lápide, referente a idade a ser
colocada tiveram que presumiram mediante
o aspecto da mulher, quanto ao nome, ficaram por resolver de acordo com as
opiniões que fossem apresentadas pelos garotos que contribuíram para a lápide.
Toda a molecada compareceu ao um pobre cemitério localizado na
periferia do bairro em uma Avenida Suburbana para o sepultamento da Senhora e
logo depois de colocarem uma pequena cruz no túmulo de terra batida,
adicionaram a pequena lápide, escrito:
“AQUI JAZ BOCA DE CHULAPA. SAUDADE ETERNA“
DOS SEUS AMIGOS DO BAIRRO
1896 / 1976
Este conto é em parte real,
pois o personagem central realmente existiu, mais em sua maior parte é uma
criação do autor.
Coleção – Contos Rápidos –
maio/2017
Janmoto
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