sexta-feira, 25 de novembro de 2016

O ESTRANHO

                                          

         Este conto é baseado em um fato real, sendo a maior parte ficção.               

                               O ESTRANHO


          Homem totalmente estranho no seu modo de tratar com os seus semelhantes ficava difícil se entender o seu comportamento, pois tratava as pessoas como se as mesmas fossem completamente invisíveis, nas suas passagens montado no seu burro com o pescoço tão empinado quanto o dele.

Não dava uma saudação para nenhum ser que estivesse no seu caminho, por esta maneira de se comportar, foi tornando-se além de um ser antipático, um motivo de gozação para toda a população do pequeno povoado, ficando completamente isolado, sem nenhuma amizade.

            Mas nunca foi suspeitado pelo povo de pouco conhecimento do local que este pobre homem padecia de esquizofrenia, até mesmo ele na sua ignorância não se dava conta da enfermidade.

            Como aconteço naturalmente para todas as pessoas, chegou para ele o momento da doença se manifestar com mais intensidade e a necessidade de ajuda naqueles dias mais difícil da vida, quando perdemos a saúde e a autonomia para gerir nossas vidas.

            O estranho homem era portador de uma enfermidade rara e não sabia as conseqüências, embora já tivesse  alguns sintomas  se manifestando há algum tempo, nunca teve condições para  um diagnostico médico, era portador de catalepsia dado ao seu raro tipo de esquizofrenia.

            Em uma manhã crianças que tinham curiosidade estavam a bisbilhotar o que o estranho fazia no seu terreno,quando  viram através da cerca o homem estendido no chão, correram a busca de ajuda e as pessoas que foram ao local chegaram à conclusão que o homem estava morto.

            Dado ao seu comportamento durante muitos anos no pequeno povoado, sem ter a mínima consideração aos seus semelhantes e sem parentes conhecidos que a vizinhança pudesse avisar, o fato foi comunicado ao latifundiário dono da maior parte das terras do povoado e que determinava as coisas no local, um verdadeiro coronel na época, porém teve muita dificuldade para consegui pessoas que pudessem levar o corpo para um cemitério que ficava a poucas léguas do povoado.

            Sem consegui quem  quisessem organizar o enterro do estranho, o coronel usou da sua autoridade e ordenou que quatro peões das suas fazendas, colocassem o corpo em uma carroça e o levassem para que fossem devidamente enterrado, os quatros homens com toda indignação tiveram que obedecer a ordem do patrão.

            Depois de o rústico caixão ser colocado na carroça, lá vai os quatro homens conduzindo o corpo, todos com péssimo humor e má vontade, somente cumprindo a ordem do coronel.

            Em uma área já bem próxima ao cemitério, ouve-se um tombo e quando os homens olharam, viram o defunto sentado no caixão olhando para eles e lhes dar um cordial boa tarde, três dos peões fugiram apavorados, porém o mais corajoso encarou o falso defunto e disse: você nunca deu um boa tarde a ninguém quando estava vivo, porque vem agora depois de morto com essa assombração seu cabra da peste? E em ato contínuo sacou da pistola e disparou alguns tiros no pobre homem e assim o infeliz bateu  as botas de verdade.

            A primeira e última saudação feita por este homem foi dirigida a pessoas erradas e em hora errada.

       

Coleção – CONTOS RÁPIDOS – Nº 19

Janmota  


                     





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